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Kotani Makoto o mendigo profissional

Sim, existem mendigos e sem-tetos no Japão, e a situação se agravou durante a crise de 2008, mas não é sobre isso que se trata o post, apresentar-lhes-ei Kotani Makoto, “mendigo profissional”.

Kotani era um aspirante a comediante, e assim como a maioria dos comediantes japoneses, até 2004 ele fazia parte de uma dupla que não fez muito sucesso, e persistiu com outro parceiro até 2009, mas também sem êxito.

Em 2013, Kotani tentou sua carreria solo na capital japonesa, Tokyo, desta vez em carreira solo, e lá foi ver o show do comediante King Kong Nishino; após o show, Kotani pediu uns conselhos, e então Nishino o convidou para morar com ele.

A ideia que poderia trazer mais conhecimento e uma troca de experiência para ambos, acabou em mais uma parceria mal sucedida para Kotani, que era uma pessoa muito organizada, esquecia de desligar o gás após o banho, e deixou de pagar o primeiro aluguel.

Apesar dos pedidos de desculpas, ele voltou a dever o aluguel no mês seguinte, após gastar todo o dinheiro com uma mulher que conheceu na noite, então Nishino resolveu coloca-lo para fora de casa e disse: “A partir de hoje você ficará desabrigado, sua vida definitivamente será melhor assim”, e não era brincadeira, a partir dai a vida de Kotani começou a mudar.

Nishino sugeriu que Kotani se vendesse por ¥ 50 por dia, ele topou.

Mesmo não acreditando muito na ideia, Kotani a colocou em prática, e notou que as pessoas sentiam-se culpadas pelo baixo valor, e sempre pagavam mais; O serviço basicamente consiste na pessoa paga-lo para que ele possa ajudar em algo, e durante esse tempo os clientes fornecem comida e as vezes um teto para que Kotani possa dormir, mesmo que seja no sofá ou chão da casa.


Assim que foi para a rua, Kotani começou a relatar sua experiência no twitter, e começou a chamar atenção ao relatar seu cotidiano, ele tentou alguns empregos, mas não obteve sucesso, não o mesmo que se alugando na rua.

Durante esse tempo ele conta que engordou bastante desde quando tinha um emprego regular e teto, pois os clientes que o alugam sempre o solicitam para acompanha-los em bares, restaurantes, e deixam-o comer a vontade.

Kotani contraria a imagem da maioria dos moradores de rua, que normalmente são pessoas que não tem sucesso nenhum e são evitadas pelas pessoas, ele é o oposto de tudo isso, tem milhares de fãs, e muitos dos clientes viraram amigos, e ele agora tem uma grande família.

Clientes pagam para que ele viaje para outros locais para visitar seus familiares, ou apenas para conferir como está o tempo, foi assim que ele conheceu a Coreia do Sul, mas o que mais ocorre são pessoas que pagam para que ele as acompanhe para beber, pois querem alguém divertido.


Kotani contou que já foi contratado para ficar em uma fila para tentar comprar a edição limitada de um tênis: “Consegui comprar o tênis, e fiquei feliz em ajudar alguém” disse.

Mas Kotani é solicitado para os mais variados serviços, principalmente após ganhar relativa fama, os serviços vão de companhia para conversar, até gente que o paga apenas para tirar uma foto nova para o perfil de alguma rede social, além das viagens que ele faz, todas bancadas pelos clientes.

Nessa vida Kotani conheceu sua esposa, pois é, ele é casado, mas ela não mora na rua.

Eles se conheceram quando ela pagou para poder marca-lo na estação de Nagoya e algumas pessoas o procurassem, e em outra oportunidade pagou para ele sair com ela para beber, e nessa ocasião alguém brincou e perguntou porque eles não namoravam (esse tipo de coisa é meio comum em bares por aqui), e ela disse: “Seria engraçado se nós acabássemos casando”, e por fim eles de fato de casaram, assim do nada, e com direito a festa e tudo.


Uma festa de casamento não é nada barata, mas Kotani e sua esposa conseguiram realiza-lá, tudo isso graças a ideia de um fã que sugeriu que ele fizesse um crowfunding, e com isso ele arrecadou cerca de ¥1.673.554 de 273 pessoas, e ainda teve contribuição de clientes e amigos, juntando tudo ele disse que arrecadou cerca de  ¥2.000.000

Depois de se casarem a esposa de Kotani voltou para Nagoya onde mora com a família, e Kotani segue em Tokyo com seu trabalho, isso também é algo comum no Japão, o marido trabalhar e morar em outra cidade, e no caso de Kotani faz mais sentido não morarem juntos, já que ele não tem moradia.

E a história da bem sucedida vida de sem-teto de Kotani não para por ai, além de se alugar, ele faz trabalhos beneficentes, que começou logo após seu casamento, quando um forte terremoto abalou as Filipinas, e ele embarcou em um navio com comida, água, sabão e ¥1.000.000 que sobraram da arrecadação do casamento, e ele doou para as vítimas do terremoto.

Ele passou um mês fazendo trabalhos voluntários nas áreas atingidas, e chegou a visitar um festival japonês, onde brincou e dançou com crianças locais.

Kotani atualmente tem um site onde as pessoas podem solicitarem seus serviços, e disponibilizou um plano especial mensal, com direito a acesso direto em um grupo privado no facebook onde os clientes podem interagirem e organizarem eventos.

Realmente a vida de Kotani ficou bem melhor sem um lar para morar.

 

Fonte: Tofugu

Kamagasaki, o bairro mais pobre do Japão

A imagem do Japão é sempre associada a tentác tecnologia, modernidade, organização, tentác educação, e igualdade social, mas nem tudo é perfeito, claro que existem mendigos e pessoas vivendo nas ruas, mas o número é bem menor do que no Brasil, e também não existem grandes favelas pelo país, porém, tem um local que retrata de maneira gritante a parte pobre do Japão, Kamagasaki, bairro da grandiosa Osaka.

O interesse pelo local se deu por uma polêmica ocorrida durante a semana passada, quando um filme que retratava a pobreza do local foi impedido de participar do Osaka Asian Film Festival, os organizadores alegaram que perderam o filme, porém, o filme do diretor Shingo Ota foi parcialmente financiado pela cidade, chamado de ” Fragile”, o diretor se recusou a cortar cenas do filme, que identificou a localização da comunidade e fez referencias a certos aspectos da cultura local, ou seja, bem suspeita essa “perda” do filme.

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O nome Kamagasaki não existe mais no mapa, o local é totalmente ignorado pelo pode público e teve seu nome mudado em 1966, em uma tentativa frustrada de mudar a realidade violenta do bairro na época, local em que se concentravam manifestações violentas, apesar da mudança no nome, apenas o governo e a mídia se referem ao local como Airin – chiku, a população ainda chama o bairro pelo antigo nome.

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O local é povoado por pessoas que não tem emprego e nem moradia fixa, algumas sequer tem uma identidade, além de ter um grande número de idosos aposentados abandonados pela família, ou que simplesmente se isolaram por lá.

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Kamagasaki é cheio de prédios velhos, alguns abandonados onde existe grande concentração de moradores de rua que tomaram conta e moram nesses locais, e o único passatempo que os moradores tem é a bebida, e as drogas, não tão visíveis, mas bem presente na realidade local, então é comum ver algumas pessoas embriagadas jogadas em algum canto, um dos moradores até nos ofereceu um sake, comprado com o pouco dinheiro conseguido em um baito (bico), que é a única maneira que eles encontram para ter alguma renda.

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Todos os dias os moradores acordam com a esperança de conseguirem um trabalho no dia, para que consigam algum dinheiro para comer e beber, alguns sonham com um emprego fixo, mas sabem que é complicado, por não terem uma moradia fixa e como citei anteriormente, alguns nem identidade possuem, então centro de trabalho e bem estar de airin é o “point” do pessoal durante a semana.

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Meu espanto não foi tão grande ao visitar o local, mas de certa maneira chocou, pois nunca imaginei ver cenas assim por aqui, mas apesar da pobreza ser predominante e do local parecer hostil, existe um certo clima amistoso por parte de alguns moradores, pessoas sorrindo e conversando como em uma cidade do interior brasileiro, onde todas se conhecem, e isso tudo bem próximo de áreas badaladas da cidade, como Nipponbashi, Namba, Tsutenkaku e Shinsekai que atraem vários turistas, e muitos sequer fazem ideia da existência deste local.

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